Exclusividade Veritas - Medalha Calendário – O Império Brasileiro retratado através de uma enigmática medalha de 1867

 Os colecionadores e escritores Edil Gomes e Gilberto Tenor têm nos brindado com algumas publicações, seja por artigos ou mesmo livros, e apesar de já terem antecipado que têm outros projetos em vista, desta vez foi o livro “Medalha Calendário – O Império Brasileiro retratado através de uma enigmática medalha de 1867”, que será lançado no Encontro Especial da SNB, dias 13 e 14 de setembro. O livro será histórico e de baixa tiragem, para que ele mesmo se torne um artigo para se colecionar, essa é mais uma parceria entre os autores Edil Gomes e Gilberto Tenor que você só vê na Veritas!

Veja abaixo a entrevista exclusiva com os autores e conheça um pouco mais sobre essa obra incrível que em breve estará em sua biblioteca!


Moeda calendário / Fonte: Heritage Auctions


1 - Primeiro o básico, de onde surgiu a ideia de escrever um livro sobre uma única medalha? 

Já havia visto essa medalha, sempre achei muito interessante, mas nos catálogos de medalha havia muito pouco sobre ela. Um certo dia, Gilberto Tenor me mostrou e lançou a ideia de escrever algo sobre ela. Confesso que olhei para ela e não sabia como começar, era muita informação; para ter uma ideia, contei as letras e números, e fora desenhos, pontos, quadros, tinha mais de 1000 palavras e mais de 600 números em um espaço de apenas 41mm. Parecia até uma tarefa impossível, especialmente se levarmos em conta que a data da medalha é 1867. Percebi que, para decifrar as informações, muitas delas abreviadas, teria que fazer uma pesquisa e conhecer como era o cotidiano do final do Brasil Império. Foi um longo período de consultas e trocas de informações, com Tenor dando suporte e passando outras medalhas, esclarecendo dúvidas. No fim, o livro foi algo fantástico, porque quem escreveu foram os primeiros a perceber que era algo que poderia complementar a medalhística nacional, incentivando novos colecionadores e pesquisadores.


2 - Eu havia perguntado isso quando foi lançado o livro 1932 e agora refaço a mesma pergunta: como um único objeto pode conter tanta história? 

Se eu pegar a moeda de 10 centavos do real e for pesquisar sobre ela, acabo desvendando muita coisa. Cada peça tem a sua história; hoje estamos mais atrelados ao quanto vale e deixamos passar muitas informações: do período em que foi feita, quem é o homenageado, em que período foi feita, quanto tempo circulou. Vai surgir muita coisa interessante, troca de informações com outros colecionadores, acessos a livros e arquivos, e percebemos que isso também é transportado para todas as peças da coleção. Quando percebemos, começamos a dar mais valor à nossa família e trabalho, prestando mais atenção aos mínimos detalhes. Tudo tem uma história, até mesmo a nossa família é algo que aconteceu no passado para chegarmos até aqui. Infelizmente, isso está se perdendo, mas é fascinante quando resgatamos algumas dessas histórias e conseguimos sintetizá-las com uma linguagem simples e de fácil entendimento, sem distorcer os fatos. Com esse não foi diferente: não é falar de uma medalha, é conhecer a história do nosso Brasil.


3 - Analisando uma medalha como um reforço a um elemento comemorativo, um fato ou acontecimento histórico: essa medalha pode ser definida como qual recorte temporal? 

Essa medalha mostra um período muito avançado na Casa da Moeda, no seu lado artístico. Se juntarmos todas as medalhas do Brasil Império, notamos um avanço considerável desde a vinda da Família Imperial do Brasil e da Academia das Belas Artes, com artistas da Missão Francesa. Então, notamos um despertar através do ensino, mostrando que é possível, sim, ter um avanço através do aprendizado. Quanto aos fatos da medalha, além de um calendário permanente de fases da lua, marés e datas religiosas, traz uma série de datas ligadas diretamente ao Brasil, como o descobrimento, o grito da independência, a primeira constituição do Brasil, datas comemorativas do Brasil Império e da família Real. O mais interessante é que estavamos no meio da Guerra do Paraguai, e a medalha traz 14 dessas batalhas em que a Tríplice Aliança foi vencedora. Por exemplo, uma das vitórias foi a Batalha Naval de Riachuelo, em 11 de junho de 1865, e essa data até hoje é comemorada como o “Dia da Marinha do Brasil”. Então, não é só sobre uma medalha de 1867, são datas que se comemoram até hoje, batalhas que conservaram os limites territoriais do Brasil. Apesar de ser limitada a um ano, é uma verdadeira aula de história do Brasil.


4 - A medalha foi feita para a exposição de Paris; as vitórias de guerra do Brasil representadas na medalha calendário são, na sua opinião, uma forma de mostrar na Europa um Brasil como uma potência? 

O Brasil tinha grande prestígio na Europa, não era isolado, visto que as filhas de Dom Pedro II se casaram com príncipes europeus. A linhagem do Imperador do Brasil é a mesma que estava em Portugal. O Brasil sempre foi rico em matéria-prima, e o Imperador quis mostrar que aqui era um país em desenvolvimento. Pela sua formação, ele estava sempre preocupado com a educação no Brasil. Para ter uma ideia, no fim da guerra ele negou a ideia de se construir um monumento de bronze para que os recursos fossem revertidos para a educação. Então, ele sempre se preocupou em trazer o melhor para o Brasil e também mostrar o que o Brasil poderia oferecer, não ficando atrás dos países europeus, o que atraía sempre investimentos.


5 - O Luster teve um início bem conturbado, mas essa medalha é uma excelente forma de redenção. Esse é o maior trabalho dele? 

Luster, na Dinamarca para ajudar um amigo, acabou se envolvendo em um caso de falsificação. Ficou dois anos preso e foi provado que ele não tirou vantagem da situação. Por outro lado, a sua gravação foi tão bem feita que acharam que a falsificação foi realizada por um cunho oficial. Foi algo ruim que marcou a sua carreira, mas ele foi perdoado. Graças a esse fato, ele acabou vindo buscar emprego na Casa da Moeda do Brasil, onde ficou de 1855 a 1871, quando faleceu. Em 1867, também pediu a naturalização brasileira. Foi agraciado por Dom Pedro II com a Ordem Imperial da Rosa, uma das mais importantes ordens honoríficas do Brasil. O busto de Dom Pedro II criado por Luster foi o mais utilizado no fim do império, seja em medalhas ou moedas. Esteve nas moedas de prata e bronze. Ele deixou uma verdadeira coleção de peças que gravou, além de ter contribuído na formação de outros artistas.


6 - A medalha calendário não tem tiragem definida. Acha que, através da publicação desse livro, outras escondidas por aí podem aparecer? 

É uma medalha clássica para quem coleciona medalhas do império, também existe em alguns museus. Temos também as reproduções feitas pelo Balsemão, que não foram muitas. Pode sim aparecer, e o mais importante é que, se aparecer, pode ser que o colecionador a veja de outra forma. Sabemos que somos somente depositários de peças, e um dia, inevitavelmente, mudam de coleção ou podemos visitar um museu em que estarão disponíveis. A história também faz com que façamos uma viagem no tempo, e isso não tem preço, mesmo que não tenhamos a peça na coleção.


7 - Como sempre, o mestre Balsemão dando sua contribuição, mas essa, curiosamente, também teve seu exemplar originalmente em madeira. O que acham dessa qualidade absurda que esses mestres conseguiam apresentar em madeira, técnica que muitos hoje em dia ainda não conhecem? 

É uma técnica difícil, pouco utilizada, pela pressão empregada na gravação, no tipo de madeira utilizada e pela quantidade de tempo e material até se chegar à perfeição. Não temos livros explicando sobre isso. Infelizmente, Balsemão nos deixou e não repassou o que ele aprendeu de forma autodidata. Hoje, com a tecnologia que temos, poderíamos voltar a adotar essa prática. Quem sabe a Casa da Moeda faça isso novamente. Temos vários tipos que foram gravados e são verdadeiras obras de arte.


PRÉ-VENDA INICIADA!


O Livro encontra-se em pré-venda exclusiva na Editora Veritas através da loja da Numismática Castro, o lançamento previsto é no Encontro Especial da SNB de 12 à 13 de Setembro de 2024.
(Local: Hotel Leques Brasil - Rua São Joaquim, número 216, Liberdade - São Paulo. CEP.: 01.508-000)

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